quarta-feira, 25 de março de 2009

Despedida (Doce Distância)

Doce distância cegou-me em instante.
Lançou-me a veredas desfalques de ti.
Brusco martírio. Destroços humanos.
Por ora, não creio viver desprovido.
Isento de cândidos e belos traços teus.

Oh! Desgraça jornada.
Guiou-me ao sorriso e roubou-me detrás.
Minúcias marcantes situo ao pensar.
Envolvo-me em atlas de nossa paixão.
Ditosos momentos, impuros que são.
Gostosas escalas. Projetos morais.

Contorno-me por densas lágrimas.
Motivas ao fato: ausentas do teu.
Agudo sofrer suprime teu sítio.
Por mais que lhe busque em simbiose.
Jamais formatarei-me da doce.
Doce distância que cegou-me em instante.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Avôhai

De tesouros desvalidos
Faço deles condição.
Condição para um sorriso.
Um júbilo contrastante.
A emoção de ter na vida
Motivantes digressões.
Episódios manuscritos.
Concorrentes à missão.

Se lá fora, sangra a vista.
Vou da prenda fazer lar.
Navegante desses traços
Que de tênues, me oscilo.
Arvoredos vou dispor.
Folhas limpas da desforra.
Da angústia que enfatizam
Os tablóides de nanquim.

De tão torpe é a grafia.
Discrepante do sonhar.
Se cogito primaveras.
No fitar, a crença perco.
Apesar do panorama
Segurança não disperso.
Sou risote, por escárnio.
Avôhai. Perseverança!

domingo, 8 de março de 2009

Cotidiano Passional

Passo dias, noites, manhãs
Redescobrindo uma paixão.
Simplificando as hipóteses.
Flagras românticos, mágicos.
Recorro aos encantos teus.
A comunhão de almas excita.
Só em ti encontro morada.
E na fachada, já pichada
Se estendem as marcas
De um amor inacabado.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Vida de Circo

Surjo ao longe feito circo.
De morada faço praças.
Praças traças de humanismo.
E num decurso me situo.
Sobreponho minha lona.
Já tão rota por batalhas.
Construiu-se um firmamento
De estruturas vicinais.
Tanto quanto um equilibrista.
Distancio do ir ao chão.
Com proveito dos reveses.
Subjugo o pressentido.
Se da salva torno hábito.
Sou palhaço. Sou circense.
Com idéias malabares
Faço sustento da arte.

Antes

Antes de o sol nascer, noite gelada.
Antes de me acordar, vem um carinho.
Antes de ficarmos juntos, estou sozinho.
Antes de abraçar, estar de mãos dadas.

Antes do que quero, um chamego.
Antes de tentar dormir, olhos fechados.
Antes de se despedir, coração apertado.
Mas antes disso, não sei se mereço.

Antes de olhar pra o céu, um bom suspiro.
Antes de provar o doce, tudo é amargo.
Antes até de casar, ser namorado.
Antes de tudo, amar e ser amado.

Antes de te conhecer, eu não sei nada.
Antes de acontecer, sabia nada.
Antes de tentar entender, me decepciono.
Agora que eu já conheço, ainda não sei nada.

João Marcos Chagas