terça-feira, 14 de julho de 2009

Loucura

O homem invade a arena portando sob o braço, um corpo de forma esférica. O objeto possui alguns desenhos e a arena apresenta largas e extensas listras. O sujeito não surgiu só. Junto a ele estão outros que, não sei por que diabos, trajam malhas idênticas ao que tem posse do corpo rotundo. Em mãos, trazem algumas bandeiras, que no auge de minha ignorância a nações alheias, não pude identificá-las como de nenhum país. Naquele momento, alguns dos que estavam próximos a mim puseram-se a pronunciar calões que não apresentam ares suaves a ponto de expor. Fui incapaz de entender. Os pobres homens nada tinham feito.
Atrás dos indesejados, adentram vinte outros indivíduos. Vinte ou mais: não me concentrei em contá-los. Os gritos e vaias foram tais que apenas tentava me esquivar. De repente, os rapazes se dividem. Formam-se dois grupos, que agora se deslocam para cada uma das metades da arena. O corpo esférico é posto entre as tais metades. E após um ruído estridente, paralelo a um movimento daquele que primeiro surgiu aos olhos de quem assistia, um dos vinte indivíduos que entraram no plano passou o pé sobre a redonda, fazendo-a movimentar-se em direção a um dos que estavam em sua metade.
Hora ou outra, um dos moços avulsava o corpo alvo de pontapés durante todo o tempo do esquisito procedimento análogo a um massacre sem serra elétrica. A gentalha próxima a mim algazarrava. Pelo que pude perceber a exultação só se fazia notar em momentos em que um dos, agora titulados, lutadores conseguiam, de alguma maneira, transpôr o artefato por algumas pilastras longínquas de semelhantes e opostas as de seu bando.
Não me atrevi a indagar um dos loucos espectadores sobre o que ocorria. De fato, só pude penetrar o recinto, após a perda de alguns cruzeiros e me retirei com a estranha sensação de que estive em um hospício, onde toda e qualquer atenção dirigia-se apenas para aquele corpúsculo, chamado por aqui de bola.