domingo, 5 de julho de 2009

MEu Lírico

Eram apenas bons amigos. E não desde o começo. Nunca é. Há sempre um ato concretizar de amizades. Ou paixões. Amizades! Ele se apaixonou. Antes da amizade expôr-se em abraços e carícias aconchegantes. Aconchegos semelhantes aos de um colo materno no sexto mês de jornada. Aconchegos prazerosos como o saboreio de um copo d'água no Atacama. Necessários. Sim! Tornaram-se necessários os abraços da doce moça dócil.
A paixão do rapaz se escondia em sua cruel autoanálise. E não a primeira paixão envergonhada. Era apenas mais uma. Não era feio. Mas temia ser citado como exemplo de imperfeições físicas ou morais. A moça sorri. Sempre sorria. E massacrava o estar de quem assistia a sua performance junto aos lábios de amigos seus. Ele sorria. Sorriso amarelo. Sorriso falsário e pouco visível em seu semblante de amargura.
Permaneciam bons amigos. Ele sofria. Ela não sabia que o moço escrevia angústias suas sobre o par. O par de bons amigos que vivem toda a noite um romance que nunca existiu.