terça-feira, 29 de setembro de 2009

aos íntimos, Zé

a festa acabou
acabou a festa
não há José
nem ninguém
que indique um norte

a luz apagou
apagou a luz
e José, no escuro
rumando à luz
indicada ao longe
não viu que na festa
o fim consagrou-se

o povo sumiu
sumiu o povo
e José já aflito
não viu que no breu
foi-se o povo
e a festa

a noite esfriou
esfriou a noite
e José sem luz
sem povo
sem festa
cochilou nos versos
de um poema encantado

sábado, 26 de setembro de 2009

nêgo

e Nêgo sambou
sambou tardes
sambou noites
e o Nêgo não parava

todos vinham
ver o Nêgo
um sambista de primeira
que brindava com sorrisos
a platéia curiosa

fez-se chuva
veio o sol
e o Nêgo requebrava
jornalistas, colunistas
se inclinavam
ao dom do Nêgo
e o moço não parava
só sambava
só sambava

dias, meses
depois anos
multidões se impressionavam
com o nêgo a sambar

foi quando o moço
cansado
fugiu pra casa e dormiu
e a esperança do povo
de revoltada sumiu

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Poeta Morto

Quando romper-se a fibra
Convivente em meu peito
Não chores no dolo cruel
Sorria, pois, em memória
De venturas conjuntas a mim.

Não quero causos tristes
Nem cultos a minha postura.
Não quero menções póstumas
Nem bustos banhados a cobre.

Levo apenas a saudade
De que um dia me amou.
Dias longe serão golpes
Mas concentras em viver.

Descansa sã, meu amor
Não se espelhe em solidão
Persistirei ao lado teu
Mesmo a nuvens de penar.

Ascendo às graças criadoras
Satisfeito em minha missão
E que se leia no epitáfio:
O poeta imortal.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Cantiga de Escárnio

Alado aos louros virtudiosos do prazer
E o seguinte segundo, me expressa uma essência
Estado à beira de escárnios do insucesso
Me adapto, e assim, torno-me adepto da vida fluente
Buscando em miragens, traçados reais
Que dançam euforicamente em minha retina
Brindando as vitórias de um futuro impretérito.

Anderson Ferreira e Gabriel Pereira

-Gabriel Pereira posta em: riscodevapor.blogspot

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Esconderijo

O que escondes nesses cachos
Tão belos, tão belos, tão seus?
Episódios de tristeza
De um pretérito infeliz?

O que escondes nesses olhos
Tão belos, tão belos, tão seus?
Amarguras incapazes
De ascender seu ego anil?

O que escondes dos meus olhos
Recaídos sobre ti?
Sentimentos de donzela
Tão belos, tão bela, tão seus!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Dúvida

Duvido.
Duvido que tragas à mesa suas taras
Seus fetiches
Fantasias.

Duvido que se deite em minha lábia
Meus elogios
Galanteios.
Duvido!

Duvido que me cale os ouvidos
Os sentidos
A gemidos.

Duvido fazer-me duvidar de mim.
Sou coerente
Condizente a minhas idéias.
Mas duvido sequestrar-me dos prazeres
amorosos de tê-la em minhas mãos.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Conto de Tarde

Foi quando soprou
Um vento forte e ruborizado
No alto estresse da sociedade
Levando ódios
Levando medos
Levando angústias
E corações caíram ao chão.

Trança

Na trança
da moça
de vida
perdida
eu busco
a saída
Vingança
procuro
do tédio
do ócio
presentes
no mundo.

Na trança
perdida
no tédio
da vida
procuro
presentes
pra moça
que busca
vingar-se
do ócio
saída
pro mundo.

Na trança
da vida
movida
por tédio
procuro
a moça
que esconda
em meu peito
o vazio
refeito
por roubo
despeito
na ausência
do órgão
que bata
em vermelho
levado
de mim.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Bilhete

Na sala, a carta pra vizinha
Que caira em casa errada
Era lida entre família
Indiscretos curiosos.

Em versos livres, cancionados
Um remetente apaixonado
Descrevia sentimentos
Comoções pra sua amada.

Sufocado se dizia
Por distar da namorada
E seu peito sangraria
Se constante a situação.

Pós leitura do poema
Todos mudos se olharam
E soltaram gargalhadas
O amor inda existia.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Sentimentalismo

Abaixo amores dolorosos.
Abaixo cultos ao sofrer
Citações salgadas
Canções castigadas.

Amor é estrela fluorescente
É cruzar mares corados.

Quem ama atenta à vida.
Quem ama faz alimento
Nascer de noites cândidas.

Não quero angústias de amor.
Quero beijos.
Quero olhos
Ser amante de virtudes sentimentais.