segunda-feira, 26 de abril de 2010

fracasso

a sede acumulada é seca
como por um revés de conceitos próprios
ardente, enegrecida
ardem peito, os olhos
ardem miragens desfocadas

a seca toma-me em seus braços
como a ninar-me recém mundano
os lábios enxutos
as pernas cambaleantes
os olhos
dos olhos correm rios
rios de sangue
rios que em mim
trarão o descanso eternizado

terça-feira, 13 de abril de 2010

âmago

penso ao passo, aos passos
de teu semblante amançador
peno
ausência tua por mínimos instantes
peno
olhos teus regados em lágrimas barrentas
peno
ao sorrir só
ao dormir, se dormir
peno por de ti distar
por amar-te mais que a mim mesmo
apenas amar-te
como agarrado em grilhões
abre-se a porta, as portas
não saio
peno por ficar
portas são sinais de liberdade
fecho-as, energeticamente
fecharei portas até penar em tua paz
até burlar leis torpes
e morar no azul de teus olhos negros
na vivacidade de tua pele branca
no amor, no penar
sofrerei, se sofrer for preciso
te amarei, pois de você preciso

quinta-feira, 1 de abril de 2010

carnívoro

a carne é crua
é dura
é nua
a carne é sua
a carne escassa
exata
escassa
a carne é sua
e de tão sua
soa amante
breu adentro
manobrada por mãos minhas
a carne
o seio
a nua
a carne nua de um seio exposto