terça-feira, 29 de dezembro de 2009

és

és branca e bela
pureza...
és manhã de primavera
um retrato enquadrado
entre sorrisos alegres
e tua alegria me renova
e teu sorriso me desata os pesares

és tão bela
quanto flor que rosa salta
quanto um céu azul estrela
és tão bela
e de tão bela
me distorce os sentidos
sentidos, sentimentos
me distorce os pensamentos
que carrego na certeza
de que tal pureza
é o futuro em que julgo morar

és uma flor
sem espinhos ou tolices
de pétalas coradas
e caule imerso em carícias
és a mais primorosa
entre as diversas no jardim
a rainha serenata
a paixão fundamentada
és de fato a mais bela
e não avisto outra igual
por essa tão longa estrada
que corre em meu coração

domingo, 20 de dezembro de 2009

ventania

quem bate a porta
alheia aos ventos e folhas
são ventos quietantes
e folhas grileiras

quem recorre ao encantamento
de tratos e tratados
de tantos em tantos
tesouros de folhas

se voam, ecoam
em ninhos de acaso
em ninhos, caminhos

quem bate a porta
reclusa aos ventos de encanto
quem ousa atirar-me ao viver
de momentos dispersos

em sono angustiante
em sonhos pesados
se bates a porta
dê brechas a brisa
que entoa o meu ser

domingo, 13 de dezembro de 2009

sinestesia

e, de repente, ela surgiu
como uma sinestesia
em olhar salgado
como um efizema
angustiante e essencial

de repente, ela me olhou
como uma dama Gioconda
como em um prisma salgado

de repente, ela se foi
largando curvas perigosas
deixando um rastro perfumeiro

de repente, honestamente
ela surgiu, me olhou e partiu
e me restou um ruído rosa
tão amargo quanto o mel