Pondo-me, simplesmente, a buscar rechear a mente com algo que me proporcionasse certo prazer, acabei por me perder em mirabolantes ilusões sem precedentes, sem pé e, provavelmente, sem cabeça. De maneira inentendível, vi-me em um interrogatório pessoal e extremamente íntimo sobre assuntos de que, nem por decreto, me fará os explicitar. Citarei somente o que me deixou, como diria o outro, cabreiro. Acredite: questionei-me a respeito de quem faria padecer, ou mesmo falecer, graças a disparo procedente de letal máquina minha. Não minha como um de meus CDs ou mochila. Apenas de posse temporária; somente naquele azado instante. Deixo claro que pensamentos tais não me trouxeram a um estado de prazer; pelo contrário, senti-me sufocado e angustiado pelo simples fato de, mesmo em imaginação, cometer o trágico delito. Embora, o disparo pudesse ocorrer com máxima isenção de culpa e, conseqüente abnegação de qualquer punição proveniente das leis humanas, divinas ou até mesmo aquelas... do inferno, executar o procedimento tal como o de um assassino, deixava-me puramente inexprimível, por mais que aquele ocorresse apenas no distante imaginário. Mesmo no descrito estado, analisei categoricamente as supostas vítimas da maldade, fruto de minhas atitudes. Creio que estás a pensar que em lista de meus prováveis procurados, os encontrará em extenso número; provavelmente um tanto entre dez e vinte. De fato, não só eu. Todos guardamos no peito a bizarra cobiça de decretar o ponto último na jornada uita de enfadonhos viventes deste ou d’outro posto. Natural ou atípico? Ordinário! Enfim, por aleatória exclusão, chego ao incrível Lugar Nenhum. Há de convir que usar da razão para eleger um defunto não é fácil tarefa. Simplório é tentar despistar-se de miragens do gênero. Já que a trama descrita, com toda a sua escusa e impassibilidade jamais se fará concreta.